Como usar arpejos e outros recursos em “What a wonderful world” (L.Armstrong)
Publicado por Denise Ogata em
Vamos ver aqui o arranjo para piano solo de “What a wonderful world” (Louis Armstrong) em duas versões : mais simplificada (versão 1), com arpejos e mais elaborada (versão 2), com acordes abertos e outros padrões.
Sobre os arpejos e demais recursos
Para quem toca piano, o arpejo é algo muito comum e muito usado como acompanhamento para a mão esquerda. Também pode ser visto em arranjos de piano solo ou como acompanhamento de outro instrumento ou voz.
Por isso, é importante estudar e ficar à vontade sobre esta forma de tocar as notas da harmonia, já que no arpejo podemos distribuir as notas do acorde seguidamente ou não (no caso de arpejos mais abertos), resultando em várias maneiras ou “configurações”.
E para usar estas várias maneiras é preciso atenção com as notas da melodia para evitar muita proximidade entre a mão esquerda e a mão direita, evitar cruzamento de notas e para que seja agradável em termos de sonoridade.
Falando em intervalos, às vezes é melhor usar o arpejo na ordem “tônica – terça- quinta” , outras vezes é preciso omitir a quinta, ou então adicionar a sétima, e assim por diante. Veremos estes usos com detalhes no arranjo 1.
Além dos arpejos, podemos usar outros recursos para enriquecer o arranjo (como veremos no arranjo 2): aberturas de acordes, com as notas da harmonia nas duas mãos ao mesmo tempo em que é feita a melodia; preenchimentos melódicos; notas que fazem a ligação da linha do baixo e padrões rítmicos.
Vamos à prática!
Veja alguns exemplos dos arpejos usados no arranjo 1 :
Logo no início da música, temos um arpejo mais aberto T5T(8)3*T(8)5 , em que, logo após a Tônica, já temos a quinta, oitava, chegando até a décima, que corresponde à terça do acorde.
No quarto compasso, devido a presença de 2 acordes, Gm e C, temos o arpejo com apenas 3 notas de cada acorde, isto é, com tônica -terça-quinta e depois na ordem inversa, para manter o mesmo movimento ascendente-descendente dos demais compassos.
No último compasso deste trecho, Am vemos outra configuração: T35T(8)53. Esta é sem dúvida uma das formas de arpejo mais comum e foi usada aqui para manter uma referência da nota mais aguda na mesma “linha” dos compassos anteriores. Se o arpejo fosse aberto, atingiríamos o dó central e ultrapassaríamos esta “linha”.
Vamos ver agora o mesmo trecho, na versão mais elaborada :
Agora temos as seguintes alterações: as aberturas já aparecem no início, com as notas da introdução agora na região aguda; os arpejos têm diferentes configurações e ritmos; o acorde fechado, com sétima (C7) dura o compasso todo e com esta parada, enfatiza a entrada da melodia.
Neste trecho, na mão direita, a melodia segue como nota mais aguda e, por vezes, é interrompida por preenchimentos melódicos (mib, réb, dó, sib) e na mão esquerda, as notas passam de um compasso a outro, por um semitom ou tom, fazendo uma “ligação” entre as notas do baixo.
O dó# destacado (compasso 18) mostra a nota do acorde de F5+, ou seja, a 5a aumentada como ênfase da harmonia.
Veja estes e outros trechos comentados em vídeo :
Arranjo 1 :
Arranjo 2 :
Conclusão
Várias são as opções para elaborarmos um arranjo. Tendo conhecimento das notas dos acordes e do alcance da melodia, podemos ir construindo um arranjo de acordo com nosso nível de aprendizagem e habilidade ao piano.
Sendo assim, podemos deixar um arranjo mais simples ou mais elaborado através do uso de diferentes formas de acompanhamento e outros recursos, como mudanças no ritmo, preenchimentos na melodia e ligação entre as notas da linha do baixo.
Como sempre, o importante é experimentar, treinar e ir incrementando o arranjo pouco a pouco. Para quem está começando, a sugestão é usar somente arpejos, por exemplo, e depois, mudar o ritmo destes arpejos, e a seguir, abrir os acordes e encaixar as notas da melodia.
E tudo isso com os ouvidos e a mente aberta para construir um arranjo cheio de sons bonitos, agradáveis e que, principalmente, expressem nossa criatividade e nossas emoções!
Até a próxima!
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