3 Dicas para começar um arranjo

Publicado por Denise Ogata em

Orientações antes de começar o arranjo.

Resolvi fazer este vídeo para responder a dúvida dos comentários do Youtube.

A pergunta era: qual a base para fazer o arranjo, tem algum método ou é inventado ? Isto em relação à mão esquerda.

 Para responder a estas questões, resolvi mostrar quais critérios que eu utilizo para escolher os ritmos , o acompanhamento e como trabalhar a mão esquerda, no caso de melodia acompanhada.

 

E para usar como exemplo, escolhi a música Anos Dourados de Chico Buarque e Tom Jobim para mostrar algumas frases e diferentes acompanhamentos e seus efeitos no arranjo

 

É importante dizer que são dicas e não passos ! A ordem para usar estas dicas depende de música para música, do que fica mais adequado e fácil para pensar na hora de começar.

E já respondendo a pergunta : não é um método, é criado a partir de uma análise geral e rápida da música, da melodia e baseado em formas de acompanhamento estudadas.

 

Lembrando que tem um avaliador que vai definir se o arranjo ficou bom, bonito, harmonioso e do jeito que desejamos : este avaliador, que dá a palavra final é o nosso OUVIDO! 

Isso mesmo! Se pudesse dizer um “método”, seria :combinar o conhecimento à nossa percepção para alcançar determinado objetivo. 

 

Então, vamos às dicas !

Antes de tudo, é preciso olhar a forma, as partes da música. Assim, você já vai “mapeando” as diferenças, ou seja, que parte você intenciona deixar, por exemplo, mais forte, mais densa , que parte vai ser mais tranquila, mais grave…

Em Anos Dourados não tem partes diferentes, como um refrão ou uma parte C bem contrastante… A melodia conduz as diferenças, de acordo com a letra e segue assim até o fim.

 AGORA SIM :

1a DICA : analisar a melodia, as frases e suas paradas

 

Aqui não é uma análise minuciosa, com as características da melodia, é somente para entender como é a melodia em termos gerais, se tem algo que chama a atenção e/ou se repete bastante, algo marcante. 

 

Para Anos dourados, como vimos nas partes da música, é a melodia que “manda” então temos as diferentes regiões das frases que trazem os contrastes da melodia (junto com letra).

E o que isto implica?

1a OPÇÃO : Pensar num acompanhamento que vá destacando as nuances da melodia. Por exemplo, nas partes agudas : caminhar com a mão esquerda para mais agudo também .

2a OPÇÃO : Deixar um mesmo tipo de acompanhamento, sem muitas variações.

Uma outra possibilidade, nas paradas, nos intervalos entre as frases, preencher com alguma contra melodia, usar complementos melódicos.

 

2a DICA : acompanhar com acordes em blocos

 

Isto já vai dar uma ideia de quais acordes fazer em qual oitava, junto com a melodia, a dificuldade/facilidade da progressão de acordes e o ritmo harmônico  (ou seja, quanto acordes tem por compasso).

Outros aspectos são : se todos os acordes serão tocados, ou seja, se haverá omissão de acordes para simplificar algum trecho (aqui é preciso ter conhecimento sobre harmonia) e se haverão acordes invertidos.

Até aqui, você já tem uma prévia do arranjo, claro que depois tudo pode ser alterado.

 

3a DICA : faz parte de algum gênero musical ? 

 

Com esta pergunta, você busca as figuras rítmicas usadas nos padrões dos gêneros, as levadas, as configurações características e tem uma direção por qual ritmo seguir. 

No exemplo de Anos Dourados, foi usado o ritmo de Bolero. Veja o padrão rítmico:

No exemplo da música fiz uma simplificação (veja no vídeo).

 

Depois do ritmo definido, vá experimentando com os acordes em diferentes regiões (oitavas) junto com a melodia. 

A seguir, experimente o preenchimento dos espaços, utilize também outras configurações de acompanhamento para trazer variedade ao arranjo.  

Conclusão

Resumindo as 3 dicas : analisei a melodia, coloquei os acordes e usei um padrão de ritmo. 

Tudo isso, escolhendo sobre as partes da música (no caso aqui desta música, sem partes, então fui sobre o percurso da melodia).

É essencial tocar e experimentar a sonoridade, de acordo com seu gosto, seu ouvido e a influência da parte técnica do que fica viável de tocar, para ambas as mãos.

Depois disso, variações e mais recursos podem ser usados para incrementar o arranjo. Com o tempo e estudo, você vai adquirindo a confiança para aplicar os recursos aprendidos e se desenvolver ainda mais nesta prática! 

Aplique as dicas e vamos fazer música! 

Até mais! 

Imagem de Melk Hagelslag por Pixabay 

Categorias: Arranjo

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